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O pai pode amamentar?

  • Foto do escritor: Encanto Pediatria
    Encanto Pediatria
  • 16 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Eu sei que a resposta óbvia que vem em mente é “não”; mas vamos analisar com calma e coração aberto.


Primeiro, existe todo um cenário sobre identidade de gênero, um papo muito importante e que teremos em algum momento, mas a ideia desse texto não é tratar disso agora. Estamos nos referindo aqui às pessoas que não são biologicamente capazes de amamentar.


A provocação que quero fazer é a seguinte: o que é amamentar?

Entendo que é um processo que vai muito além de prover alimento; envolve vínculo e troca, parceria, intimidade. É um processo que não precisa, e não deve, ser exclusivo da mulher.


Bato muito nessa tecla, eu sei, mas talvez seja por uma vontade genuína de resgatar o conceito de que precisamos uns dos outros.


Ao longo dos anos, a amamentação - que todos nós aprendemos ser a característica que nos define como classe no reino animal (mamíferos), foi se moldando ao contexto sociocultural, ao ponto de ser quase vista como uma atividade de exceção - último relatório da OMS aponta uma taxa mundial de 40% de aleitamento materno exclusivo nos 6 meses. Isso é menos que a metade. Para uma população de mamíferos.

Certo. Mas o que os pais têm a ver com isso? TUDO!


Vamos analisar primeiro o cenário triste, e infelizmente frequente, de filhos que crescem sem a presença de uma figura paterna. A taxa de desmame entre as mães que criam seus filhos sozinhos é enorme, por diversos motivos, dentre eles o de precisar retornar precocemente ao trabalho e ao acúmulo de funções.


E entre os filhos que crescem com uma figura paterna presente, como é esse cenário?

Nesses casos, como é de se esperar, o apoio paterno na amamentação foi disparado o principal fator determinante para a continuidade na amamentação.


A conclusão foi de um estudo publicado na Revista Paulista de Pediatria (https://www.scielo.br/pdf/rpp/v30n1/18.pdf), para quem quiser conferir.


Interessante notar que falamos aqui de participação ativa, não apenas de ajuda.

Quando entrevistados, 100% dos pais são a favor da amamentação, mas entendem que é restrita a uma condição biológica da mulher, e se colocam em uma posição de provedores do lar, não necessariamente de apoiadores da amamentação.


Para piorar, a maioria das mães e crianças no ensino fundamental relatam que a forma de apoio dos pais na amamentação era por meio da mamadeira.

Certamente precisamos mudar isso, e penso que o começo é entender o que causa esse afastamento.


Muitos dos pais entrevistados relataram seus medos referentes ao tema: sentem-se abandonados e frustrados por acharem ser um vínculo exclusivo entre mãe e bebê e o medo de interferir na vida sexual do casal.


Além disso, temos também uma ideia construída em sociedade, sobre o pai “ajudar” na criação dos filhos. Ora, não se trata de ajudar, e sim de compartilhar.

Sim, existe uma nova geração de pais que vem cada dia mais retomando esse espaço de protagonista. Meu coração enche de felicidade quando os pais vêm para as consultas - deveria ser a regra e não a exceção, e participam ativamente dos cuidados. Perguntam, tiram dúvidas, questionam. Isso faz uma diferença enorme para todos: mãe, bebê, pediatra.


Então, minha interpretação livre e licença poética para responder a pergunta dos posts: Sim, o pai pode amamentar. Porque amamentar é construir uma relação de família, de unidade. Dar amor à criança e mãe, ser rede de apoio, buscar informações e participar ativamente do processo lindo que é criar um novo ser humano.

 
 
 

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