Leite materno: nossa primeira proteção
- Encanto Pediatria
- 20 de out. de 2020
- 3 min de leitura
Além de nos ensinar sobre vínculo e amor, a amamentação também carrega outra lição: de que a natureza é perfeita.

O leite materno, desde as primeiras gotas, contém tudo que a criança precisa para se nutrir e desenvolver. O que aos nossos olhos pode parecer “ralo” ou “pouco”, na verdade é um elixir de imunidade, pensado para proteger o bebê de todos os riscos que envolvem o nascer. É a primeira e mais poderosa vacina que existe.
Enquanto o bebê ainda está na barriga da mãe, a natureza vai sabiamente selecionando o que oferecer para criança que está por vir. Tudo é pensado e harmoniosamente programado: o ambiente em que a criança vai nascer, a quais vírus e bactérias ela estará mais exposta – as informações são percebidas durante a gestação e começa o mágico ciclo de alimentar e nutrir. Por isso, não há no mundo melhor alimento para o bebê do que o leite materno; ele é feito sob medida para cada criança.
Em um momento como o que estamos vivendo, com medo de contaminação e de adoecer, é ainda mais importante lembrarmos da amamentação. Não temos ainda vacina contra o COVID-19, mas o melhor que podemos oferecer para as crianças é o leite materno. Ele será a primeira e mais importante barreira imunológica de proteção para o bebê.
Dúvidas frequentes
Até quando amamentar?
Resposta simples e direta: até quando você e o bebê quiserem!
Eu podia parar por aqui, mas a ideia não é o jogo de perguntas x respostas, e sim trazer mais informação.
Vamos analisar as orientações sobre o leite materno: o bebê deve se alimentar exclusivamente de leite materno até os 6 meses de idade, e o aleitamento deve ser mantido pelo menos até os 2 anos de idade.
Em nenhum momento existe uma “data limite” estabelecida para finalizar o aleitamento. O “desmame”, que por sinal é um termo que não sou muito fã, vai depender da dupla (mãe e bebê), da sua rede de apoio, da dinâmica familiar e rotina da família, e de vários outros fatores que dizem respeito, exclusivamente, à família. Do que então o “desmame” não depende? Da opinião dos palpiteiros.
A interrupção da amamentação, assim como todo o processo de aleitamento, não deve ser influenciado pelas pessoas “de fora”, ainda que estejam bem intencionadas. É comum que para muitas mulheres o momento de lactação, especialmente no início, venha com um bocado de insegurança, o que nos deixa muito mais vulneráveis ao julgamento externo, não é?
Não tem mágica aqui, a melhor forma de ganhar a autonomia necessária para tomar as decisões é SE INFORMANDO. Pesquise, converse, pergunte, troque vivências com outras mães para formar sua melhor forma de conduzir o processo; que é seu e da criança.
“Cuidado para ele não ficar ‘chupetando’ o peito”
Queridos palpiteiros bem intencionados de plantão, vamos conversar?
Essa é uma frase que toda mãe já deve ter ouvido, e ela pode vir de diversas fontes, e com um monte de justificativas embutidas.
Ele vai se acostumar a ficar toda hora no peito
R: E qual é o problema disso? Precisamos entender que a criança, especialmente o recém nascido, não é um adulto em miniatura. É um ser humano em formação, com necessidades muito particulares, que envolvem muito mais do que a lógica “comer para matar a fome’. A amamentação é muito mais do que alimento, ela exerce um dos principais fatores de maturidade emocional do bebê, não só pelo vínculo com a mãe, mas pelo conforto e segurança que envolvem o movimento de sugar. Em maternidades e unidades neonatais, usamos o termo “sucção não nutritiva”, justamente para esses casos em que a sucção não é para fins de alimentação, mas para conforto e bem estar do bebê.
Ele vai se cansar de sugar e pode perder peso
R: Me acostumei a sempre olhar para a natureza para buscar respostas assim. Vejam só, faria sentido algo tão natural quanto a livre demanda - que significa o bebê mamar quando quiser, por quanto tempo quiser, trazer algum risco para a saúde da criança? Certamente não.
Bebês que estão perdendo peso precisam ser avaliados pelo pediatra para identificar as possíveis causas, normalmente relacionadas a problemas na amamentação (técnica ou pega incorretas): mas a sucção não nutritiva não é uma delas.
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