Ansiedade é coisa de adulto?

Certamente não, e isso talvez tenha ficado mais evidente para muita gente nesse período de pandemia.

As crianças sofrem sim de ansiedade, mas às vezes as manifestações podem ser mais sutis, difíceis de serem percebidas pelos pais como sintomas. Podem aparecer em comportamentos inadequados, insônia, agitação excessiva, sintomas gastrointestinais (vômitos, diarreia), alterações em pele e por aí vai.

Esse mês vamos falar um pouco mais sobre isso; estamos no Setembro Amarelo, o mês dedicado a discutir sobre prevenção de suicídio e outras causas de sofrimento mental.

E não se enganem, é assunto de criança sim, e precisamos conversar com elas sobre isso.

No grupo dos adolescentes já é um tema abordado há mais tempo, e que segue nos preocupando muito, mas em crianças pequenas tem ficado também muito frequente.

Dentre as diversas vivências que trabalhar em emergência durante tempos de COVID me proporciona, uma tocou profundamente meu coração:

Ao perguntar ao pequeno Jonas, de 6 anos (nome inventado, ok?) o que ele estava sentindo, ele me descreveu o seguinte:

“Tia, eu não sei o que tenho, meu coração tá batendo muito forte, eu tou meio enjoado, não consigo ficar parado e fico sentindo uma bola aqui ó (apontando para a garganta), sinto como se tivesse uma bola aqui apertando, e aí parece que não consigo respirar, mas eu consigo”.

Claro, fiz outras perguntas à Jonas e sua mãe, examinei-o e conversamos. Mas ouvir um relato tão vivo de uma criança tão pequena me fez pensar: estamos fazendo alguma coisa errada.

Não podemos controlar o mundo e seus fatores externos, mas será não podemos preparar melhor nossas crianças (e adultos!) para lidar com eles?