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Alergias alimentares

  • Foto do escritor: Encanto Pediatria
    Encanto Pediatria
  • 7 de mar. de 2020
  • 5 min de leitura



Vamos conversar um pouco sobre alergia alimentar?


Ultimamente todos temos visto cada dia mais crianças com diagnóstico de #alergia a algum alimento, já repararam?

E por que será que os casos aumentaram tanto assim?

Bom existem alguns motivos, e vamos conversar um pouco sobre alguns deles aqui, mas primeiro vamos entender o que ée o que NÃO É, alergia alimentar.


Existe um grupo de condições chamado de “reações adversas aos alimentos”, que podem envolver o nosso sistema imunológico (como as alergias) ou ter causas completamente diferentes.


Vamos entender um pouco mais do que seriam essas reações que não dependem do nosso sistema imune.

As reações “não imunológicas” dependem principalmente da substância ingerida (por exemplo, #toxinas contidas em alimentos contaminados) ou de propriedades específicas de algumas substâncias presentes no alimento; como a cafeína no café.


Essas reações podem ainda ser desencadeadas pela fermentação e efeito osmótico de carboidratos ingeridos e não absorvidos.

Como principal exemplo, temos a intolerância à lactose, que com frequência é confundida com “alergia ao leite”; mas na verdade são entidades completamente distintas.

Daí já conseguimos começar a entender que nem todas as reações apresentadas após ingerir determinado alimento podem ser entendidas como alergia.



Mas, de fato, a incidência de alergia alimentar aumentou bastante nos últimos anos, e hoje estima-se que cerca de 6% em menores de 3 anos, caindo para 3,5% em adultos.

Na infância, os alimentos mais implicados nas alergias são leite de vaca, ovo, trigo e soja e, em geral, são transitórias, de modo que menos de 10% dos casos persistem até a vida adulta.

E porque será que elas são mais frequentes na infância?


Bom, para entender melhor essa questão, precisamos conhecer quais são os nossos “mecanismos de defesa” contra partículas desconhecidas.


O nosso corpo possui vários “setores de defesa”, que compõem o nosso sistema imune.


Dentre eles, destaco aqui a importância do nosso trato gastrointestinal, que possuiu alguns dos mecanismos mais importantes de reconhecimento e defesa que temos.



Inicialmente, ele atua como uma barreira física, pois forma uma “parede” que impede muitos “elementos suspeitos” de atravessar livremente; ou seja, ele faz uma seleção do que pode ou não passar.



Após essa etapa, temos a ação dos suco gástrico, secreções biliares e pancreática, e ainda o próprio movimento do intestino (chamado de peristalse) que ajuda a “empurrar” os visitantes que não são bem vindos.


Mas não para por aí.

Vejam como é bem orquestrado: a todo momento, temos milhares de bactérias “do bem” (chamadas de comensais, que compõem a nossa flora intestinal), atuando em conjunto com os nossos “soldados de defesa” do sistema imune, de forma harmônica.

Diariamente expomos o nosso trato gastrointestinal a vários “elementos suspeitos”, que seriam os alérgenos em potencial, sem que tenhamos uma reposta inflamatória toda vez que isso ocorre, pois todo esse conjunto, a quem damos o nome de microbiota intestinal, nos ajuda a manter o equilíbrio.


É de se imaginar que demore um tempinho até todo esse processo “engrenar”, né?


E esse é um dos motivos pelos quais as crianças, em especial os menores de 2 anos, tem uma chance maior de desenvolver alergias alimentares; além da sua microbiota intestinal estar em formação, as suas barreiras físicas (“paredes do intestino”) ainda são mais permeáveis – ou seja, deixam passar mais livremente os elementos suspeitos.



Ok, já entendemos que as crianças menores tem uma chance maior de desenvolver alergias, porque todo o seu sistema de reconhecimento de “elementos suspeitos” ainda está em formação.

Mas isso não explica o por quê de ter aumentando tanto a incidência, né?


Concordo com vocês. Então vamos olhar pra tudo isso um pouquinho mais de perto.


Vocês sabem quais são os principais fatores para a eubiose (equilíbrio da flora intestinal)?

O aleitamento materno e o parto vaginal. Simples, como tudo na natureza. Feito com uma sequência: gestação, nascimento, aleitamento materno;

para que, ao ser apresentada aos alimentos (a partir dos 6 meses, que é quando todo aquele mecanismo que conversamos estará mais “treinado” para começar a funcionar), o organismo da criança possa reconhecer e assimilar os alimentos e se proteger dos “elementos suspeitos”, ou seja, os alérgenos.


E será que estamos fazendo o nosso dever de casa?


Atualmente temos um número ainda crescente de cesáreas, cenário que começa a mudar aos pouquinhos, tendo um papel fundamental o conceito de “parto humanizado” e a maior informação das mulheres a respeito de todo esse processo. Hoje, além de mais acesso às informações e direitos da gestante, temos também uma série de profissionais atualizados e empenhados em apoiar a família e conduzir o processo do nascimento da forma mais harmônica possível.



Com relação ao aleitamento materno, apesar de intensas campanhas, ainda é negligenciado.


Além disso, quando nossas crianças começam a comer, o que estamos oferendo a elas?

A qualidade da nossa alimentação, e consequentemente da alimentação dos nossos filhos, tem sido preocupante.


O excesso de alimentos multiprocessados, embutidos, cheios de corantes e “sabores artificiais de...”, somados ao preocupante nível de agrotóxicos dos alimentos “naturais” ajudam a compor um cenário nada vantajoso para a formação da nossa microbiota intestinal.


Isso porque estamos partindo do pressuposto de que as crianças começam a comer na idade correta – a partir dos 6 meses de idade...! Se formos analisar a introdução alimentar precoce e o temido e infelizmente muito comum uso do leite de vaca antes do primeiro ano de vida, aí sim temos um cenário ideal para formação das alergias alimentares.


Vamos aproveitar o tema das alergias alimentares para começar a conversar um dos “antídotos” mais potentes que temos, não apenas contra alergias, como também para diversas doenças na infância.


Será que é coisa muito difícil de achar, muito caro, importado?


Sou fã da natureza, e por isso não me canso de me lembrar – e compartilhar com vocês o quanto ela é sábia. Estamos falando do aleitamento materno, a forma mais eficaz – e simples, de proteger as nossas crianças e prepara-las para esse mundão que vão enfrentar.

Mas, não tome a minha opinião como verdade (aliás, quanto mais informações de fontes diferentes tivermos, melhor para a construção do nosso conhecimento).


Vamos ver um trecho do que disse o documento do Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar, de 2018, que foi elaborado em conjunto pela Sociedade Brasileira de Pediatria e a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.

O aleitamento materno exclusivo, sem a introdução do leite de vaca, de fórmulas infantis à base de leite de vaca, e de alimentos complementares até os seis meses tem sido ressaltado como eficaz na prevenção do aparecimento de sintomas alérgicos


Ainda no tema de Alergia x Aleitamento materno, outro conceito importante que tem sido estudado é em relação à formação da “tolerância oral”.

E o que seria isso?

Bem, hoje entendemos que é através do leite materno que o bebê “conhece o mundo”.


Analisando outro trecho do Consenso Brasileiro de Alergia Alimentar (2018):

O leite materno contém IgA secretora, que funciona como bloqueador de antígenos alimentares e ambientais, bem como vários fatores de amadurecimento da flora intestinal e fatores imunorreguladores importantes no estabelecimento da microbiota. O leite materno tem papel importante na indução de tolerância oral, quando o alimento alergênico é introduzido de forma complementar, em pequenas quantidades”


Trocando em miúdos, isso quer dizer que é através do leite materno que a criança é primeiro apresentada aos “elementos suspeitos”; passando então a conhece-los. E a parte mais incrível: como o seu próprio “sistema de defesa” ainda está em formação (vamos entende-los como soldadinhos nenéns nesse ponto), ela recebe a ajuda do sistema de reconhecimento materno (uma espécie de “tropa de elite”). É devido a esses conhecimentos que dizemos que o melhor momento para a criança entrar em contato com alimentos “potencialmente alergênicos” é durante o período em que está em aleitamento materno, o que chamamos de “janela imunológica”.


E olha que estamos falando dos benefícios do aleitamento materno apenas sob a ótica da alergia alimentar, hein.


Já deixo aqui o #spoiler para os nossos próximos textos: vamos conversas mais sobre aleitamento materno?

 
 
 

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